terça-feira, 4 de setembro de 2007

SAM BROTHERS

Já diria a minha querida avó, "Cabeça ociosa é a morada do diabo!" Ainda mais quando esta cabeça é inventiva e inquieta como a minha. Tinha uma "amiga" que fazia aniversário e eu, como bom samaritano, queria lhe pagar um jantar diferente num restaurante diferente, descontraído e ao mesmo tempo romântico do qual eu gostasse. Não tive dúvidas, Sam Brothers! Restaurante bom, amigos, deve ter 3 coisas: ambiente, comida (esses dois são essenciais!) e companhia. E neste momento eu tinha os 3 e tudo para uma grande noite. Fui buscá-la em casa, como manda o figurino, e no caminho mantive o suspense do lugar onde iríamos.
O Sam Brothers é um restaurante que fica na Rua dos Pinheiros, quase em frente ao Sandália Club, meio perdido num ponto escuro da paulicéia zona oeste. Minha "amiga" olhou desconfiada para mim, com aquele ar "aonde ele está me levando". Realmente, o lugar é um pouco sossegado demais. Mas esta impressão se esvai quando se adentra ao restaurante. O ambiente arrebata a vista e aguça o paladar. A decoração é country moderna quase toda em madeira. O bar é logo na entrada e as mesas ficam espalhadas no salão e numa bancada. A minha "amiga" já tinha afastado de sua mente a primeira impressão ruim. Era uma noite de quinta-feira e o restaurante estava sossegado. Começamos a pedir o anti-pasto, que quase estragou o resto do jantar, de tão bom que era. Era um pão-caseiro-receita-da-vovó recém saído do forno, acompanhado por um patê de ervas e berinjelas derramadas em azeite com uva passas. Mas o melhor estava por vir para a minha amiga, quando os garçons começaram a cantar um repertório que vai do country, passa pelo blues e se fixa no soul, com intervalos regados a Aretha Franklin. Puro paraíso.
Uma hora depois de nos deliciarmos com o anti-pasto e com as músicas, chegou a hora do prato principal. O cardápio não é vasto, o que ajuda por demais os indecisos, e foi feito e planejado pelo Chef Jeffinho, eleito a revelação do ano entre os chefs de São Paulo neste ano, constituindo-se de grelhados de carne e de frango e acompanhamentos requintados, mais a parte de peixes, incluindo salmão e trutas, além das massas. Os filés são especialidade da casa, mas preferimos ficar com as trutas, em decorrência do anti-pasto caprichado e já prevendo o sufoco da sobremesa. Os dois pediram as trutas acompanhadas de verduras (eu pedi que retirassem as mandioquinhas) e alcaparras. As trutas derretiam na boca e os sabores dos temperos inudavam nossas bocas e narizes. Deleite e fascinação juntos na companhia inteligente e graciosa de minha "amiga". Pensei, naquele momento, ser o homem mais feliz do mundo.
A maior surpresa para ela ainda estava por vir. Avisei a todos, sorrateiramente, que era o aniversário dela. Na verdade, não era! Ia fazer uma semana que ele tinha passado, mas só que nós não tínhamos comemorado junto ainda. Deu para entender… No momento em que ela retornou do banheiro, todo o restaurante cantou parabéns…
Deste acontecimento até o final da noite a magia do jantar apenas deu espaço ao prazer e encantamento, culminando na interpretação magnífica dos cantores da música "Stand by me" do Ben E. King. Todos os clientes, funcionários e cantores se cumprimentaram na excitação dos parabéns que pipocaram no restaurante (até conheci o Cléber Machado, da Rede Globo, que estava comemorando o aniversário de sua mulher). E fomos embora, não sem antes cumprimentar o Chef Jeffinho, pois se a comida não fosse mágica tudo aquilo não teria acontecido.
O Sam Brothers é um restaurante em que os sentidos do corpo mais preciosos, paladar, visão e audição, estão acionados na direção do prazer e da contemplação. Desde este encontro que não dou uma passada por lá… Vocês querem saber sobre a minha "amiga"? Acabou não dando certo, ela morava muito longe…

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