terça-feira, 4 de setembro de 2007

Panistórias Lado B: Torcer e a Cultura do Silêncio

Panistórias Lado B: Torcer e a Cultura do Silêncio

Por Victor Hugo

Prezados Amigos de Lado B,

Panistórias do Lado B: Torcer e a Cultura do Silêncio
Panistorias del Lado B: Torcer y la Cultura del Silencio
Pan-histories from B Side: Cheer and the Culture of Silence


Todos agora já sabem que nós (eu, Joãozinho, Brunão, Alex e Jardel) vamos para o Rio de Janeiro torcer nos Jogos Panamericanos. Devo confessar-lhes que estou muito animado com esta participação do Lado B nos Jogos. Apesar do desânimo que se abate por membros deste staff de amigos, imbuímo-nos do espírito fflchiano e desfraldaremos, com orgulho e alegria, a nossa maravilhosa bandeira em terras fluminenses. Gritaremos em alto e bom som as canções e cantigas na busca do ouro, não importando se canarinho ou não. O importante é exportar o B Side Soccer Team way of life. Vamos para torcer, reconhecer, interagir e aprender um pouco mais sobre este povo tão estranho a nós: o carioca. Cá entre nós, tenho uma simpatia por este povo que, com irreverência e simpatia, conquista corações de milhões de pessoas que por lá visitam. Devo avisá-los, cariocas, que vocês não estão ainda preparados para o que está por vir: Lado B está chegando e não vem sozinho! Vem na base de Jardel, o novo Netinho, que exporta o seu gingado CPTM de Guarulhos. Vem com Alex "El Indio" e sua milonga argentina recém-adquirida. Vem com Brunão 2007, repaginado e matreiro. Vem com Victor "Lulu" Hugo muito mais corneteiro e constrangedor. E vem, finalmente com Joãozinho "The Bicentenary Man!" Willians em forma e tinindo para torcer junto com todos os países (pena não ter o Japão nestes Jogos! hahaah). Muitas panistórias a contar nestas 24 horas que estaremos por lá e aqui começa uma série de artigos sobre o antes, o durante e o depois de nossa epopéia ao PAN Rio 2007. Nada ficará em pé depois que passarmos por lá!!!

Desde segunda-feira, dia 23.07.2007, algo me preocupa em relação a nossa ida e ao PAN. A imprensa vem divulgando sistematicamente a reclamação dos atletas sobre a torcida brasileira. Não raro reclamam da falta de silêncio em alguns esportes, torcedores xingando, brigando, enfim, empurrando os atletas canarinhos para as vitórias ou derrotas clamorosas (não sai da minha cabeça o time de voleibol feminino perder mais uma!). Acho que a imprensa e estrangeiros não entendem a cultura brasileira ou fingem não entender. Quando vou para o exterior, não fico tentando mudar a cultura local. Já pensaram irmos para o Irã e brigarmos para tirarem a burca das mulheres. Desde que me entendo por gente, não consigo ver o mundo através da cultura do silêncio, tal como os europeus pregam. O brasileiro grita para dar bronca, para vender peixe na feira, para jogar futebol, para dizer que ama alguém, para cantar (não sai da minha cabeça estes axés da vida!)... Às vezes, não percebemos e estamos falando alto com a pessoa que está ao nosso lado. Parece que precisamos gritar para deixarmos nossa marca no mundo. A minha mãe fez questão de me mostrar várias vezes este traço cultural nosso...hahahahaha!!!

Para torcer não é diferente. O brasileiro em competições internacionais torce pelo compatriota até em jogos que nunca viu na vida e nem sabe a regra. Brasileiro está lutando por medalha, ele já é o melhor e não importa em que esporte. A imprensa não deveria reproduzir estas reclamações estrangeiras que não entendem esta cultura nacional do grito e da torcida nem que seja para zuar ou cornetar, o que é o meu caso. Temos um dever quase que cívico de deixar a nossa marca vocal naquele momento esportivo único, através de risadas, chacotas, incentivos etc. Tentar repreender o brasileiro por ser assim, é tirar a única coisa que temos como marcar cultural de um povo. É o nosso direito de vaiar o presidente omisso, o senador corrupto, a injustiça de uma decisão errada do juiz do judô, o corte do Ricardinho da seleção... Expressar em voz alta nossas emoções está conectado ao nosso DNA. Qualquer tentativa ou comentário contra este espírito cultural, é restringir a nossa brasilidade pelo conceito europeizado da cultura do silêncio, o qual nunca fez parte da nossa vida. As nossas raízes estão fincadas no jeito de ser do africano, das tribos índigenas e da cultura mediterrânea. E todos eles estarão representados no grupo do Lado B que estará no PAN Rio 2007!!!

É a soma de tudo isto que se faz o Lado B! É com este espírito que o Lado B adentrará os ginásios e complexos esportivos do PAN. Gritaremos e cantaremos em alto e bom som nossas marcas registradas, que já assombram nossos adversários de BIFE e JOGOS MIX do Interior de São Paulo, a música do Boi, Chupa ECA e novas especiais para o PAN. Mas faço aqui um pedido a todos e espero que venham comigo. No jogo Argentina x EUA, por favor, não deixemos de bradar: OSAMA, OSAMA, OSAMA!!! E desfraldaremos a bandeira da FFLCH para lembrar os despossuídos e injustiçados do mundo inteiro!!! A Invasão da Riotoria estará, pelo menos em parte, realizada.

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