terça-feira, 4 de setembro de 2007

KITSCH: EXTRAVAGÂNCIAS DE UM ESTILO

Caros leitores, fiz um curso este semestre de História Social da Arte, com o Prof. Dr. José Carlos Sebe. Curso interessantíssimo sobre História da Arte, a busca de um conceito de arte, as suas variações, questões técnicas, artistas e seus diálogos em suas obras, enfim, um panorama sobre o que pode ou não ser considerado como uma "obra de arte". A visão do professor sobre arte é bem específica e elitista, o que entrava em confronto com a visão dos alunos, muito mais "permissiva". Após muitas discussões e conflitos não chegamos a nenhum acordo. Nós, alunos, ficamos com nossa visão e o professor, coerentemente, ficou com a sua, demonstrando enormes conhecimentos e paciência em relação a um público hostil e incoformado. Particularmente o tema que mais me chamou atenção foi um estilo de arte e vida contemporânea chamado de Kitsch.
Nas palavras de Abraham A. Moles, em "O que é Kitsch?", o Kitsch é "a mercadoria ordinária, é uma secreção artística derivada da venda dos produtos de uma sociedade em grandes lojas que assim se transformam, a exemplo das estações de trem, em verdadeiros templos".
O Kitsch, como arte e estilo, é a necessidade de agradar, de obter a aprovação do público. O Kitsch é fruto da sociedade de massas, da reprodução tecnológica cada vez mais avançada. A sua repetição é a razão do seu sucesso ou o sucesso é a razão de sua repetição? A origem de seu sucesso é incompreendida ou percebida, mas sabemos que a repetição constante pode criar e moldar o gosto popular, definindo tendências.
O Kitsch mantém-se através dos tempos, porque agrada e agradará sempre a todos. O objeto Kitsch tem essa qualidade de durar e resistir ao tempo nesta sociedade de massas, além de deter uma qualidade irresistível, a sua originalidade. Só o tempo poderá definir o que é Kitsch, pois o que é massificado hoje, e se salva da fogueira do esquecimento por sua qualidade de resistir as transformações da sociedade, metamorfosea-se em originalidade amanhã, tal como o pinguim de geladeira, as roupas do Elvis, a moda hippie, a boneca Susie, o video game Atari, etc, etc, etc. Não há fronteiras para o Kitsch ou estilo definido. Todos nós o somos todos os dias. Não me venham as pessoas dizerem, "Isto é coisa de boiola, de fresco que vive de moda!" Digo-lhes que não é! O Kitsch é uma arte e estilo que retira do lixo da massificação a sua forma original de se mostrar e de identificar a cultura da sociedade contemporânea.
Assim, vocês, caros leitores, podem fazer a seguinte reflexão, "O que tem de mais Kitsch em mim?. Irão descobrir bastante sobre si mesmos e as coisas que o cercam. As coisas e objetos são anteriores a nós. São elas que nos definem e não nós a elas.

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