terça-feira, 4 de setembro de 2007

"O Rei de Havana" - Pedro Gutierrez

Para acompanhar o Cd do Miles Davis nada melhor do que uma leitura leve e descontraída de um livro muito interessante, "O Rei de Havana" de Pedro Gutierrez. A história é a de um jovem cubano que aos 13 anos de idade, vê a morte da vó, da mãe e do irmão. Sem lugar para morar, ele é internado num orfanato do Estado, onde descobre um coisa que lhe pode trazer o sustento e a sobrevivência neste mundo inóspito, sujo e pobre, o sexo e o seu "talento".
Reinaldo, o "Rei" de Havana, como se auto denomina, tem a sua vida guiada e direcionada por uma alta capacidade instintiva de sobrevivência sexual. Ele vive em função do sexo, que lhe trará o que nunca teve e lhe sustentará após a fuga do orfanato. Contudo, o sexo é a sua degradação e motivo de sua destruição na sua condição humana. O interessante que este ambiente altamente sexual permeia toda a população cubana. Sente na atmosfera de Cuba uma existência umbricada com a necessidade sexual. A ânsia do desejo na fluência dos hormônios detém uma racionalidade instintiva que guia os personagens para seu fim ou para manutenção desta aura, onde faz parte o cheiro, o calor, a sujeira, o mar todos em conluio para a intensidade da vivência cubana.
O "Rei de Havana" é um livro que mostra o lado da degradação da vitória popular de Fidel Castro. O povo vive na miséria e sem condições de higiene básica nas moradias e no dia-a-dia de subsistência precária. O autor Pedro Gutierrez diz que não escreve livros políticos ou sobre política, no que se engana ou tenta enganar. Quando se coloca um ponto de vista sobre a realidade de um povo, não há como escapar do levantamento de pontos intrincados e complicados da ideologia estatal e do cotidiano dele, como este de miséria da população cubana. Os conservadores e moralistas que se afastem desta leitura, pois ela é picante e inquieta, tal como a alma de seu autor.

Nenhum comentário: