sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

UM PEDIDO


Não quero a mulher que passou,
Nem a que os meus braços nunca alcançou.
Ou muito menos aquela que um dia poderá vir a ser.
O que adianta sonhar sem ter?

Eu desejo a mulher do presente
A mulher que tenha o olhar,
A beleza e o charme diferente.

Não peço pelas coisas que tenho,
Nem as que desdenho.
E muito menos preciso de um futuro encantado,
Só quero você ao meu lado!

Os versos pelos quais me expresso,
São humildes, eu confesso.
Porém eles têm um objetivo certo,
Trazê-la aqui bem perto…

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Os acrobatas por Vinícius de Moraes


Os acrobatas

Subamos!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse física dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.

Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.

Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!

Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!

Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.

Como no espasmo.

E quando
Lá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus

Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.

E morreremos
Morreremos alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO.