segunda-feira, 29 de junho de 2009

GOFFREDO DA SILVA TELLES JR.


Morreu ontem um dos maiores juristas da História deste país. Vou me corrigir. Não só um jurista, um cidadão brasileiro que se doou às letras e nos deu conhecimento para várias gerações daqui para frente. Logicamente, somos seres finitos e todos iremos embora algum dia e com Goffredo não seria diferente. As obras que ele nos deixou transcendem a finitude de nossa existência.

Contudo, a nota tão triste quanto a morte de uma grande pessoa é a ausência e a exaltação de alguém que nos deu tanto e exigiu tão pouco em troca! Não há uma notícia, uma nota, artigos, vídeos para aquele que um dia nos deu a Carta aos Brasileiros. É lamentável ver portais gigantes na internet e jornais ignorarem este acontecimento, não para lamentá-lo, mas sim para exaltar o que foi a vida de um ser humano além da média. Média esta formada por pessoas e acontecimentos cada vez mais insignificantes, envoltas de BBBs, Britneys, Michaels, jogadores de futebol, políticos, pedófilos etc.

Em nome do meu desprezo à glamourização do vazio, do fútil, do hiperconsumismo de porcaria, deixo aqui a minha homenagem a um ser humano que fez a diferença nesta vida por ser demasiadamente humano e nos deixar uma obra para pensarmos, refletirmos e saborearmos: GOFFREDO DA SILVA TELLES JR. SUA VIDA NÃO FOI EM VÃO!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Pessoas com Trilhas Sonoras


A inovação tecnológica traz uma série de conseqüências que não ficamos pensando muito. Apenas incorporamos elas ao dia-a-dia e seguimos em frente. Por profissão, eu devo muito mais prestar atenção nestas mudanças, mas, de vez em quando, finjo ignorá-las mesmo quando estão latentes à nossa frente. Sinto que não posso mais me conter e devo enfrentá-las. Os aparelhos eletrônicos e, principalmente, o celular mudou muito a vida de todos. O celular é o aparelho da democracia. Todos têm acesso. Não a preços justos. Mas a sua portabilidade e pluralidade de funções o transforma em vetor de alterações sociais. Alterações sociais que podem levar até um novo modo de se insurgir e se manifestar contra um amigo, governos, empresas... Ele é tão democrático que acabou se tornando autocrático, ditatorial, invasivo... O problema não é a amplitude do alcance do objeto, mas o uso que se faz dele. E o celular está passando dos limites, especialmente estes novos com mp3 e alto falante. Não o celular, mas os usuários. Os mais jovens e mais velhos estão extrapolando as noções de espaço privativo e acabam por transformar o público como extensão de suas vontades. Isto não é nada diferente do que os políticos fazem com a res publica brasileira, entretanto, não pensei que estivesse enraizado isto na cultura brasileira. Só com o celular com mp3 que percebi isto definitivamente. O público é uma noção aberta do privado. O celular virou alto falante da expressão musical de seu dono. Mas que expressão musical! Funk, putz-putz, músicas da moda... Se pelo menos fosse um Miles, um Coltrane... aceitaria o fardo de não ter mais direito ao silêncio e a privacidade! Eles insistem nestes funks da vida! A rua foi tomada por eles. Percebi hoje que os elevadores também. Não teremos mais bossa em música de elevador. A panacéia auditiva agora é liderada por funk e putz-putz! Ai de você que reclame. Suportar para não brigar? Acho que não vou aguentar estas pessoas trilha sonora por muito tempo. O meu silêncio gosta de ouvir outras coisas. Que a ditadura pelo menos venha com qualidade... É o mundo atual: interligado, informatizado e alienado.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Deu Pau no Sistema


Você acorda e busca um consolo para a vida: vamos trabalhar! Hoje é o dia de buscar aquilo que não temos: dinheiro! Pensou que eu escrever amor, paz, saúde? Estou com isto em dia, mas e o dinheiro! Dinheiro, dinheiro... din, din, din... É, isto está faltando! Mas quando esteve por aqui? Se esteve, já foi embora!hihi!
Não quero escrever ou produzir textos! Estou atrás do dinheiro! Money, bufunfa, cascalho! E para advogado onde está o dinheiro? Definitivamente não é no cliente! hahah! Vamos ao fórum! Documentos e petições em ordem! É só ir de ônibus e dar prosseguimento na busca do dinheiro! Dinheiro é o que interessa hoje! Nem olho para o lado. Foco no caminho, percursos, trajetos, procedimentos... Antes do fórum, um sucão caprichado. Tudo preparado! Fórum!

Ao chegar ao fórum, muito simpático peço: "Boa tarde! Por favor, Sr., o proc. n. 583.00.2009.0009998-9!" O cartorário, todo feliz da vida, responde: "Meu senhor, não está vendo? Estamos sem sistema! Não podemos atender!". Ainda tento retrucar: "Mas como? Eu preciso disto urgentemente! É prazo!". "Infelizmente, não temos como acessar a localização dos autos sem o sistema...", esclarece o cartorário. Percebo que todas as varas estão assim. Ninguém trabalhando, mas todo mundo recebendo. É a dita culpa do sistema! Sistema Judiciário! Pois quando tinham as fichas ninguém dava este tipo de desculpa. A digitalização está trazendo novos tipos de desculpas. A falta de sistema já está incorporada ao dia-a-dia do Tribunal de Justiça de São Paulo. Quero ver o dia que as desculpas não prejudiquem tanto os clientes e os advogados...

Dinheiro? Quem precisa dele mesmo,né?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

EU SOU “O” BOY


A despeito de tudo isto, esta viagem teve um momento marcante, sui generis. Olha, se eu não estivesse lá, não teria acreditado. Nem vocês.

Estamos nós, eu, Amaro e Omar, voltando do almoço do último dia de Congresso, quando, de repente, no lobby do hotel, sai... Quem? Quem? Ele, KID VINIL! Vi e pensei: “Nossa, o Kid Vinil!”. Mas não saiu palavras.

O Omar, pelo contrário, exclamou: “KIIIIDDD VINIIIIILLL!”. KID acenou positivamente com a cabeça, fingindo não ter ouvido a exclamação.

No mesmo momento, com ar de espanto, Amaro perguntou: “É o KID VINIL?”. Respondemos que sim. Ele saiu gritando pelo lobby: “KIIIIIIIIIIIIIIDDD! KIIIIIIIIIIIIIIDDD! KIIIIIIIIIIIIIIDDD!!!” Não estava entendendo nada, mas achei engraçado. Amaro conseguiu alcançar o KID VINIIIIILLL na escadaria do hotel e disse: “KID, EU SOU 'O' BOY!!!” Daí KID VINIIIIILLL retrucou: “AMAAAROOOO!” hahahahahahahahahaha!!!

Não me aguentei. Carquei de dar risada. O Omar, com olhar de espanto, sorria. Não acreditávamos. Fomos ao encontros dos amigos. E o KID nos convidou para o lançamento do livro dele e nos avisou que, à noite, iria tocar numa balada. Tudo certo. Perguntei para o Amaro: “Você é o boy da música?”. Ele respondeu que o boy trabalhava para ele. Um dia orientou-o a gravar uma composição sua em estúdio de um amigo, que acabou sendo gravada pelo grupo Magazine do KID VINIIIIILLL. Depois, é só lenda.

Fomos encontrar o KID VINIIIIILLL na balada. Tiramos fotos. Batemos papo. Demos risadas. E descobrimos que a balada era meio GLS... Qual é a chance de você encontrar o KID VINIIIIILLL em Belô, com o Boy numa balada GLS? Com certeza, 1%! Mas foi incomensurável a alegria de viver aquele momento.

Grande Amaro, é um prazer ser seu amigo!

CONGRESSO EM BELÔ


É sempre uma honra poder viajar o país a trabalho e encontrar pessoas e culturas diferentes. Conhecer lugares. Difundir pesquisas e se surpreender com o que tem sido feito. Mas nada é mais relevante nestas viagens de trabalho do que encontrar, fazer e amizades.

Em Belo Horizonte, tive este prazer imenso de ter acesso a todas estas alegrias. Alegria mesmo de viver para adquirir e compartilhar conhecimentos.

Para mim, é sempre estimulante estar ao lado de grandes amigos como Amaro Moraes e Omar Kaminski. O conhecimento deles sobre Direito e Internet é desafiador. Por outro lado, no pessoal, não há o que se dizer acerca do quanto aprendo com eles. Como não ressaltar o prazer que foi conhecer José Gois Jr e Aires José Rover que são pessoas doces e de um conhecimento dadivoso.

Não preciso declamar aqui o quanto aprendi, o quanto nós aprendemos, dos novos amigos que fizemos (Bernardo Grossi, Pedro e Bernado II) e que sempre guardaremos na memória com carinho e seremos gratos pela entrega generosa.

Belô, é a capital mais interiorana que conheci. Vale a pena o passeio.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A falta de inspiração para escrever


Ultimamente, estou submetido a uma situação pouco comum: a falta completa de vontade para escrever. Não faltam os assuntos e possibilidades de inspiração. Pensei em preguiça profunda. Algo que gruda no corpo e nos impede de ir escrevendo sobre algo ou alguém. Acho que não é isto... Tenho trabalhado a ritmo frenético e produzido bastante. Com qualidade?
Temas não faltam. Aliás, a falta de temas não é o meu problema. O que me falta, então? Sei que quando escrevo preciso estar movido invariavelmente ao desejo incontrolável de colocar para fora, de me expor, de buscar uma certa redenção que, com certeza, não virá respondida por meio da internet. Aqui, neste tipo de inconsciente coletivo, de que a internet irá responder algo, que me resigno. Acho que é aí que está a minha falta de vontade, tesão mesmo para escrever. Na internet não estão as minhas respostas ou minhas proposições. Mesmo se tiver a intenção para tanto, não conseguirei explorá-las em toda a sua amplitude. Serei mal interpretado. Não farei com que o meu interlocutor se coloque no meu lugar. Ele não quer isto. Ele quer se projetar em mim para criar algo diferente do que eu sou , do que eu penso. Quando alguém me lê, já não sou eu quem escrevo. É alguém interferindo na minha escrita e nas minhas idéias. Estou me sentindo corrompido. Não pela projeção ou transfiguração do meu pensamento, mas pela limitação da língua, do meu pensamento, da minha compreensão que dobro dialeticamente para o meu leitor. Aí está o motivo de meu desânimo... Vou imergir e recuperar a minha ignorância para poder escrever sem saber de nada disto. A ignorância é uma dádiva que me falta ultimamente...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Pane na Telefônica: o dia que a informação morreu em São Paulo



A situação com a infra-estrutura das redes de telecomunicações do Brasil teve um triste capítulo ontem. Durante todo o dia, clientes da Telefônica, os quais infelizmente me incluo, tiveram as suas conexões de internet derrubadas por problemas técnicos não identificados.

O OVNI, que sobrevôo as instalações da Telefônica, somente se afastou da empresa no final da noite de ontem. Não foram tiradas fotos do objeto não identificado. Muito menos foram dadas as razões de seu comparecimento. A empresa ainda se recompõe do choque desta queda.

As Associações de Consumidores de pouca fé nas telecomunicações brasileira, totalmente descrentes de tais fênomenos, insurgiram-se contra a Telefônica, requerendo o pagamento das perdas e danos, morais e materiais, decorrentes do estranho acontecimento. Aliás, veio à minha memória que esta empresa, há pouco tempo atrás, forneceu, num evento em São Paulo, uma velocidade de download de 5Gb... É, inexplicável esta queda. Com certeza, o sobrenatural ocorreu.

As conseqüências gravosas e miraculosas foram sentidas em todo o aparelho estatal. O Poder Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado de São Paulo foram atingidos por esta queda. Não haviam redundâncias, back-ups, descentralização... Enfim, nada. São Paulo parou! E o pior de tudo que não se fez mais nada... O Estado privatizou tudo para ser o refém da concessionária. Diria um desavisado: "É a privatização do Sr. Fernando Henrique!". Pode ser. Mas o OVNI atingiu uma outra parte sem querer: o programa banda larga nas escolas públicas (http://info.abril.com.br/aberto/infonews/042008/11042008-14.shl).

Neste malfadado programa, engedrado pelo Ministério das Comunicações, estabeleceu-se que as atuais duas teles seriam "donas" da banda larga, sem quaisquer contrapartidas ou competição. Isto foi alertado pela ABUSAR (http://www.abusar.org/Rel_PGMU1.html). Nada se fez e o rolo compressor dirigiu-se diretamente contra a cidadania sedenta por inclusão digital, que só angaria exclusão, por não ter condições financeiras para sustentar o alto custo do monopólio regional.

Oras, mas peraí! O OVNI sem querer apontou para outro caminho. Sem querer, é lógico! Ao se associar tudo isto no liquidificador dos fatos, vê-se que todo o país, ao privatizar as telecomunicações, privatizou também as suas atividades essenciais. Mas o constrangimento fica mais nítido quando se percebe que todas as comunicações estatais de São Paulo passam por redes da Telefônica. Será que ocorre isto com outros Estados? Difícil pensar o contrário... Aliás, o que impede a Telefônica e as outras teles de controlar o conteúdo? Nada. Controlar não é somente rastrear, mas também ter o poder de ligar e desligar a informação a hora que bem entender. Porém, a ANATEL, como não tem nada a ver com isso, não poderá fazer nada.

Uma pena, acabei de me lembrar, mas ainda não temos a lei salvadora do Sen. Eduardo Azeredo, que obriga as prestadoras de serviço de internet a ter um log, por 3 anos, de tudo isto. Mas o que é um prestador de serviço de internet? O que define a lei? Precisamos saber disto mesmo? Tenho certeza da utilidade de algo que não entenderemos no futuro próximo e distante.

Mas, ao voltarmos para o controle do conteúdo, fico pensando no Procedimento Eletrônico e as maravilhas nacionais que ele nos proporcionará. Entretanto, mais uma dúvida arrebata os meus olhos, por quê, ontem, quando fui ao fórum, para requisitar uma informação processual, não tive acesso à informação? "O sistema caiu!", disse uma funcionária. "Mas cadê as fichas?", retruquei. "Não existem mais!", disse a funcionária com ar entendiado. "Mas vocês não têm um back-up offline das informações?", indaguei fortemente. "Não!", respondeu secamente a funcionária.

O Procedimento morreu! O Processo está asfixiado, pois a informação não corre sem redundâncias, back-ups, descentralização... E assim estamos todos controlados em implicações que não quero desenvolver agora... Estou com este pressentimento que o Procedimento Eletrônico não vai dar certo deste jeito. E não é de hoje...

Tem algo que não consigo fazer com que se encaixe em todas estas circunstâncias. É só uma empresa que detém a informação, que detém o seu fluxo, que dá sentido à internet? Não há como dizer que o OVNI foi embora, mas o sentido que ele deu à nossa sociedade da informação espero que se estenda para além de um simples problema.